31 março, 2009

O surfista e o mar

Muito se fala em estilo de vida, mas ser surfista vai mais além. Em tempos em que o homem desrespeita e destrói a natureza, o surfista se apaixona, a cada dia, pelo mar. E como todo apaixonado é insano, o surfista não poderia ser diferente.
Misturado com restos de lixo e esgoto, o surfista entra no mar impróprio para banho. Verdadeira aventura: ficar de pé na prancha e deslizar sobre a onda com a boca fechada e os lábios cerrados para não tomar um caldo e engolir a água suja. Caldo verde, esverdeado; envenenado.
Mas deixemos a parte triste do amor para lá. Falaremos das inúmeras sensações boas que esse sentimento pode oferecer.
Lá está o surfista, atravessando cada onda, remando cada vez mais forte para vencer o mar agitado. A cada onda ultrapassada, o surfista se fortalece. Cada encontrão do surfista com o mar equivale a um abraço. E o surfista segue remando incansavelmente, até chegar ao ponto em que o abraço não é mais suficiente. O ponto em que só passam as melhores ondas, o outside.
Resta esperar. Sozinho, em cima da prancha, o pequenino surfista observa a imensidão do oceano e sente que o momento mágico se aproxima. O chacoalhar do mar avisa que a onda se aproxima. O surfista pega fôlego e teme desapontar o oceano que, ele tem certeza, torce para que tudo dê certo.
E lá vem a ondulação, se aproximando, ficando maior e mais forte, formando a onda. O surfista rema como se apostasse uma corrida com ela, se debruça sobre a prancha e sente o contato. Ah, como é imponente! È hora de levantar. Ficar de pé e ver a praia se aproximar. Sente o mar. Sente a onda que agora, de tão brava, é espumante.
Cai da prancha, mergulha no mar e engole água salgada. Um beijo doce quando o mar está limpo, uma traição quando a água é suja. De qualquer forma, sempre será um beijo roubado e sempre será inesperadamente mágico para o surfista.
“O mar tem um significado especialíssimo na minha vida. E esse significado está profundamente relacionado ao movimento de suas ondas e aos meus em cima (e embaixo) delas.” (PENSADOR, Gabriel. Diário Noturno, 2007)

“Eu sou o oceano
Atlético e Atlântico
Pacífico e Romântico
Sou peixe voador”

(Mais um trecho do livro Diário Noturno, do Gabriel, O Pensador. Recomendo para todos que admiram o surfe e a boa poesia)

30 março, 2009

Santos: berço do Surfe brasileiro

A importância de Santos para o surfe brasileiro não fica restrita à história. O surfe, para quem não sabe, surgiu, no Brasil, em 1938, quando os paulistas Osmar Gonçalves, João Roberto e Júlio Putz construíram a primeira prancha nacional e surfaram nas praias de Santos.
O surfe, porém, adquiriu mais importância para Santos quando começou a se adaptar às características do litoral santista. Com uma média de 20% de idosos na população de Santos, a cidade conta com aulas de surfe para idosos.
Deficientes físicos, mentais e até mesmo visuais, têm a opção de freqüentarem aulas de surfe. Os últimos, com a ajuda de uma prancha adaptada. Algumas escolas santistas já incluíram o surfe como atividade curricular.
A primeira escola de surfe gratuita do Brasil, fica em Santos, no posto 2. As aulas são dadas por Cisco Araña, o primeiro surfista brasileiro a representar o país num campeonato mundial. Picuruta Salazar é outro surfista santista reconhecido, com mais de nove títulos brasileiros.
Há pouco tempo, foi inaugurado o primeiro museu nacional do surfe, no emissário submarino de Santos. A cidade santista possuí, ainda, o recorde de maior número de surfistas numa mesma onda.